Vejo uma Floresta no Espelho

Vejo uma Floresta no Espelho

         Vejo uma floresta no ESPELHO onde se reflectem os troncos e os galhos das minhas ÁRVORES como metáfora da VIDA que têm ou que perderam ao longo do TEMPO. Alice jamais olharia o relógio sem pensar DUAS VEZES. Duas vezes ou mais, são as que repito em módulos para representar peças ou fragmentos dos meus QUADROS. Cenários possíveis. Perco-me muitas vezes nos verdes, onde vou encontrar as CLAREIRAS. Talvez o brilho e os reflexos do fogo iluminem os espaços e reentrâncias por onde se pode caminhar ao longo das TELAS. Uma tela será uma TELA? Tento representar sobre ela como que um espaço e uma superfície tratada, trabalhada, com as cicatrizes e as correcções necessárias para lhe dar a autonomia SUFICIENTE.

         Sonho frequentemente com paisagens, mas muitas vezes o céu e os montes estão trocados. A ordem natural das coisas perde-se nos SONHOS. É neles que por vezes nos perdemos em bosques profundos onde corremos desesperadamente até alcançar uma clareira ou reencontrar o caminho para CASA. Jamais terei um verão como aquele dos meus catorze anos. A floresta que rodeava a casa de férias ficou-me para sempre na memoria.

Era como se de veias se TRATASSE.
Concluo que todos estes quadros são um cenário.

 

Este texto foi escrito por Albuquerque Mendes e Rita Carreiro, segundo o processo do “Cadáver esquesito”. Neste jogo surrealista elabora-se um texto colectivo em que cada interveniente dá continuidade às frases do outro tendo conhecimento apenas da última palavra ou expressão.

Dezembro de 2001.